quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

MINHA DIFERENÇA...




MINHA DIFERENÇA...

Certo dia alguém disse...

Para ser feliz precisaria ter:
Os cabelos de Gisele Bündchen
Os olhos de Cameron Diaz
O nariz de Nicole Kidman
Os lábios de Angelina Julie
Os seios de Pamela Anderson
A cintura de Cher
A bunda de Juliana Paes
As pernas de Ana Hickmann
Sendo assim, teria o mundo a seus pés.
Sentar-se-ia à mesa de reis
Deitar-se-ia na cama com príncipes
Casar-se-ia com artistas de cinema
Acumularia fortuna invejável
Seria verdadeiramente feliz!


Eu digo...

Para ser feliz é preciso saber olhar através dos olhos mágicos de uma câmera.
Saber distinguir os vários tons de azuis, amarelos, vermelhos, convertê-los em verdes, laranjas e lilás.
Diferenciar a linha do horizonte com nuances brancos, pretos e cinzas.
Documentar fatos históricos, sociais e culturais com fins de amenizar a desigualdade de um povo sofrido.
Manter um programa de arte com crianças carentes por acreditar que a arte faz milagres proporcionando-lhes a oportunidade de existir e criar.
Sentar numa mesa de bar com amigos e sem estar de pileque, ser capaz de cantarolar canções de Tom Jobim, Vinícius de Morais e Pixinguinha.
Mesmo com todo desafino e com um pandeiro, amigo inseparável, arriscar nos boleros imitando Núbia Lafayete ouvindo amigos queridos pedindo bis! (bis, bis, bis!).
Nas noites escuras como “breu” ficar na sacada conversado com Marte e Plutão através do telescópio que ganhou de presente do atual grande amor primeiro.
Poder sentir as mínimas diferenças e ter coragem de mostrá-las...
Poder abrir a janela a cada manhã e lembrar de Cecília Meireles e dos seus versos sobre a arte de ser feliz, em que ela dizia exatamente assim:


“Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me completamente feliz”.
“Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros, que só existem diante das minhas janela, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim”


Elizete Vasconcelos Arantes Filha – Devaneio do olhar II – 03/10/2007

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